quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

música de um dia

 The Doors - Love Street

mentos!!!!

dia bom...
saudade que já existe sem ao menos haver distância...

afffffff


meu gato está bem novamente....


isso é tudo!

finalmente, mais um dia divino!!!!!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

I would prefer not to, sir






"Tudo estava arrumado metodicamente, com os papéis guardados à mão. Os escaninhos eram fundos e, ao remover os arquivos de documentos, tateei em todos os compartimentos. Então senti algo ali e tirei-o para fora. Era um velho lenço colorido, pesado e amarrado em forma de trouxinha. Abri-o, e vi que eram suas economias.
Então relembrei todos os mistérios silenciosos que eu havia notado no homem. Recordei que ele apenas falava para dar respostas; que embora nos intervalos ele tivesse um bom tempo para si mesmo, eu nunca o vira lendo - não, nem sequer um jornal; que ele ficava longos períodos de pé, olhando para fora de sua pálida janela atrás do biombo, com vista para a parede de tijolos sem vida; eu tinha certeza de que ele jamais ia a qualquer refeitório ou restaurante, enquanto que seu rosto pálido indicava claramente que ele nunca bebia cerveja como Turkey, ou mesmo chá ou café, como outros homens; que ele nunca ia a qualquer lugar em especial que eu soubesse, jamais saía para uma caminhada,exceto, é verdade, no caso em questão; que inclinara dizer quem era ou de onde vinha, ou mesmo se tinha algum parente no mundo; que apesar de ser tão magro e pálido, nunca reclamava de doença. E acima de tudo, lembrei-me de uma certa expressão inconsciente de - como definir? - combalida altivez, pode-se dizer, ou uma certa reserva austera de sua parte que me influenciara positivamente quanto a aceitar suas excentricidades, quando temi pedir-lhe para fazer a menor das tarefas para mim, ainda que por sua longa e contínua imobilidade atrás do biombo eu pudesse dizer que ele devia estar parado de pé numa daquelas suas sessões de contemplação da parede sem vida.
Ao relembrar todas essas coisas e compará-las com o fato recém-descoberto de que ele fizera de meu escritório sua residência fixa e lar, e sem esquecer de seus caprichos mórbidos; ao relembrar isso tudo, um sentimento de prudência começou a tomar conta de mim. Minhas primeiras reações haviam sido de pura melancolia e sincera piedade, mas na proporção em que a situação miserável de Bartleby crescia em minha imaginação, aquela mesma melancolia transformava-se em medo, e a piedade, em repulsa. É tão verdadeiro como terrível que, até certo ponto, a idéia ou a visão do sofrimento traz à tona nossos melhores sentimentos, mas, em alguns casos especiais, isso pára de ocorrer quando esse ponto é ultrapassado. Engana-se quem diz que isso se deve invariavelmente ao egoísmo inerente ao coração humano. Provém, antes, de uma certa desesperança de curar uma doença orgânica e grave. Para um ser sensível, a piedade não raramente se converte em dor. E quando se percebe finalmente que tal piedade não leva a um auxílio eficaz, o bom senso obriga a alma a livrar-se dela. O que eu vi naquela manhã convenceu-me de que o escriturário era vítima de uma doença mental inata e incurável. Eu poderia oferecer compaixão ao seu corpo, mas não era seu corpo que lhe doía; era sua alma que sofria, e a sua alma eu não conseguia alcançar."


In: Bartleby, o escriturário
(Uma história de Wall Street)


Herman Melville

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Crown of Love

They say it fades if you let it,
love was made to forget it.
I carved your name across my eyelids,
you pray for rain I pray for blindness.


quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Arcade "Love" Fire






só um obrigado seria pouco...

as palavras nos abandonam, não é verdade?

mas algo ainda podem nos oferecer...é isso que eu acho maravilhoso!


Com amor sempre!!!




Que seja intensificado e vibre nas direções das grandes entregas!!!
(Está dito, é bom!)



Ina

domingo, 4 de janeiro de 2009

viva a passividade!!!

ah!!!!

a passividade!!!!!


não eu não quero a passividade na minha vida! exclamação porque isso é uma ordem! outra ordem. hoje eu me cansei das mazelas, das tristezas, das choromingações alheias, da falta de querer, ou de querer algo impossível. Chega minha gente!!! Aie que merda! Todo mundo tem que concordar com o "coitadinho...como é sofrido": VAI CARPIR UM LOTE!


Viva meu apetite que voltou revigorado! meu apetite de viver! minha fome de vida!!! de sim existência!!!! eu te amo em completude! e as vezes sem completude!



>efus

>efus


>efus


*Morri


the help is on the way!!!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

“La Litérature et la Vie”, Critique et Clinique



Decerto que escrever não é impor uma forma (de expressão) a uma
matéria, a do vivido. A literatura tem que ver, em contrapartida, com o
informe, com o inacabado, como disse Gombrowicz e como o fez. Escrever
é uma questão de devir, sempre inacabado, sempre a fazer-se, que
extravaza toda a matéria vivível ou vivida. É um processo, quer dizer, uma
passagem de Vida que atravessa o vivível e o vivido. A escrita é
inseparável do devir: ao escrevermos, devimos-mulher, devimos-animal ou
vegetal, devimos-molécula até devir-imperceptível. Estes devires
encadeiam-se uns com os outros segundo uma linha particular, como num
romance de Le Clézio, ou então coexistem em todos os níveis, por
intermédio de portas, entradas e zonas que compõem o universo inteiro,
como na poderosa obra de Lovecraft. O devir não vai noutro sentido: não
devimos Homem, mesmo que o homem se apresente como uma forma de
expressão dominante que pretenda impor-se a toda a matéria; ao passo que
mulher, animal ou molécula têm uma componente de fuga que se descarta à
sua própria formalização. A vergonha de se ser um homem: haverá melhorrazão de escrever? Mesmo quando é uma mulher que devém, ela tem de
devir-mulher, e este devir nada tem que ver com um estado de qual poderia
vie a reclamar-se. Devir não é atingir uma forma (identificação, imitação,
Mimésis), mas é encontrar a zona de vizinhança, de indiscernibilidade ou
de indiferenciação, de maneira que já não nos podemos distinguir de uma
mulher, de um animal ou de uma molécula: e que não são nem imprecisos
nem gerais, mas imprevistos, não-preexistentes, tanto menos determinados
numa forma quanto mais singularizados numa população. Pode-se instaurar
uma zona de vizinhança com qualquer coisa, com a condição de que se
criem os meios literários para isso, como com o áster, segundo André
Dhôtel. Entre os sexos, os gêneros ou os reinos, qualquer coisa passa2. O
devir é sempre “entre” ou “dentre”: mulher entre as mulheres, ou animal
dentre outros animais. Mas o artigo indefinido não efectua a sua potência a
não ser que o termo que ele faz devir seja, ele próprio, desapossado doscaracteres formais que fazem dizer o, a (“o animal que aqui está”). Quando
Le Clézio devém-índio, é um índio inacabado esse, que não sabe “cultivar
milho nem talhar uma piroga”: em vez de adquirir características formais,
entra numa zona de vizinhança.



Gilles Deleuze