sábado, 2 de agosto de 2008

transcrição...

"Uma pessoa não pode entender o que há de heróico em Myshkin, ou Raskolnikov, que matou uma velhinha. Ou em Bashmachkin, um balconista que teve seu capote roubado. Ou no príncipe Myshkin,que não era muito normal. Parece que a arte influencia o público, não por contágio, isso está errado, mas por uma espécie de iluminação ética pelo encontro com o mundo dos artistas...isso tem tanto impacto na alma humana que provoca mudanças, e...alguém que viu ou leu uma obra de arte, não pode mais ser o mesmo... de antes. É difícil dar conselhos. Mas o mais importante que eu poderia dizer a jovens diretores, é para aprender a não separar seus trabalhos, seus filmes, ou o cinema em geral, da vida como ela é.

Uma pessoa deve evitar vácuos entre seus trabalhos, seus filmes e seus atos. Isso porque um cineasta é como um poeta ou um músico o total auto-sacrifício é necessário. Seria estranho ver um cineasta considerar seu trabalho como um presente especial do destino, levar um certo estilo de vida, mas fazer filmes de outra maneira.

Eu gostaria de dizer aos jovens cineastas para serem moralmenteresponsáveis pelos atos que eles intencionam a passar na tela. Isso é o mais importante.Além disso...Eles devem se acostumar à idéia de que essa é uma arte séria, difícil, com grandes sacrifícios.
É você que deve pertencerà arte, e não o contrário. Eles devem se acostumar à idéia de que o cinema é muito difícil,muito sério...É o cinema que faz usode você, e não o contrário. Eu acho que devem aprender como servir ao filme, não ser sua vítima.

Ele faz uso de você, não o contrário."

(Andrei Tarkovski)

ouvindo: Soft Black Stars (Antony and the Johnsons)

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