segunda-feira, 24 de março de 2008

eu e meu amigo punk

então, todo mundo sabe que em algum momento da vida a gente encontra um amigo que parecerá a maior contradição do universo. refiro-me a escolhas pessoais, e mesmo aí no minha tribo sou eu; vai querer ser, fazer parte, ou desejar ser de algum grupo social. isso os torna, muitas vezes tão interessantes...ou uns chatos que defendem uma coisa que, na real, nem vivem. mas enfim, viva a contradição, o mundo tem que ser feito disso também. contradição. o fato é que isso que vem aqui relatado, toscamente como é de praxi, não foi senão mais que um sonho. seja entendido aqui sonho como a coisa em si, sem metáforas, pra não ficar parecendo um desejo e blá blá blá... pra falar a verdade, li algumas poucas coisas sobre a pessoa diretamente envolvida por minha imaginação no sonho. sei muito pouco sobre sua personalidade, mas sei que acabou conseguindo sobreviver da única coisa que sabia fazer. enfim, sem contornos brilhantes ou seja lá o que for, ele é um ser humano como outro qualquer, que se fode o tempo todo. mas acho que é isso que me impressiona nas pessoas, o quanto elas conseguem assumir as pessoas nelas, assumir a si mesmas.
portanto, não se trata de um desejo de fã, tietagem. foi um sonho com um ser humano. mas, e isso é engraçado, como é que a gente se afeiçoa ao outro desse jeito? eu falo isso, pois parece que conheço ele, mas, mãe de deus, eu não sei nada sobre ele, nunca li um livro até o fim, quando muito alguns contos. é, mas algumas vezes a gente acaba se identificando. e se identifica tanto que aquele que parecia tão distante, torna-se um outro mais próximo, vivo como eu, ainda que não esteja mais tão próximo.
hoje, depois do sonho, chamo-o de meu amigo. amigo punk, ou melhor:
Bukowski, meu amigo punk.
aos fãs, se é que algum lerá isso someday, sei da paixão de Bukowski por sinfonia (Mahler, por exemplo, que também gosto, aprendi a ouvir e gostar de música erudita, mas confesso que Mahler não é dos meus preferidos) e que o título do texto não tem nada a ver com a pessoa do Bukowski. mas, o que eu posso fazer se ele era meu amigo punk no sonho? e assim, o escritor Bukowski tornou-se: Bukowski, meu amigo punk.

sei que pode até parecer prepotencia de minha parte. caso fosse outra pessoa, referindo-se ao Mick assim, eu teria uma síncope. não quero me tornar do dia para a noite uma adoradora do velho buk, como costuma ser chamado. sou sim adoradora de humanidade, em qualquer porcentagem! seja uma ótima pessoa ou péssima, isso não me importa, eu gosto é de gente de carne e osso!
e naquele sonho Bukowski era de carne e osso! para aqueles que acreditam que eu era uma intimidade sem fim com ele, esqueçam! nossa relação era distante, somente seus chutes me preocupavam (vai que o alvo era eu, e não sabia!), e justamente por isso é que eu o chamo de punk, a desgraça do velho polgava como numa roda punk o tempo todo! e acho que tinha todo o direito, na real, eu é que queria ter a coragem dele: de chutar um monte de coisas chatas da minha vida. a começar por minha culpa (isso é pra outro texto!).

olhando suas fotos em alguns livros, eu vejo um Bukowski como qualquer um de nós. estranho e fácil: não precisei torná-lo melhor, nem vê-lo pior, eu o vi assim desde o início: meu amigo punk. mesmo que ele não me passasse nenhum trago daquela garrafa que carregava, mesmo quase me chutando por vezes, ou mesmo disparando um fluxo de pensamentos atrás de outros que tiravam meu chão e me colocavam no lugar do qual não queria sair nunca: sem culpas.

Bukowski profeta???
hahaha...aieeeeeeeeeeee (meu espírito de porco começa a se manifestar!)
deus, era o que faltava, infelizmente, eu não psicografo ou lembro daquilo que me disse, mas me deu coragem, e que cada vez que penso no Bukowski, penso nele capaz de materializar o que chamei de contraditório antes. não naquele sentido que deixa qualquer um meio de cara ou no mínimo zonzo. mas no sentido de estar vivo! e isso me basta!


só falta a cerveja!
a quem possa interessar, a todos que assumem a contradição, às não-certezas, a quem me ensinou amar o outro como é (essas pessoas sabem quem são), e, claro, ao Bukowski, meu amigo punk!

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